Nos últimos anos, o futebol brasileiro tem experimentado uma queda de rendimento preocupante. A Seleção Brasileira, referência mundial e respeitada por seu estilo de jogo ofensivo, habilidoso e imprevisível, parece estar cada vez mais distante de suas raízes. Essa decadência, evidenciada na recente derrota para o Paraguai, somada à ascensão de escolas sul-americanas que se modernizaram e adotaram um futebol mais competitivo, levanta um temor que, há pouco tempo, seria impensável. O Brasil pode ficar de fora da Copa do Mundo de 2026, na América do Norte? O risco é pequeno, com seis vagas reservadas para o continente, mas existe.
A crítica mais recorrente entre torcedores e especialistas é a qualidade técnica e tática apresentada nos últimos anos. Apesar de contar com uma geração de jogadores que brilha nos principais clubes europeus, o desempenho pela seleção canarinho não reflete essa excelência. É comum observarmos que, ao vestirem a camisa da seleção, esses atletas não demonstram o mesmo brilho. Há quem acredite que os clubes, conscientes dos altos investimentos feitos, podem estar instruindo seus atletas a “poupar-se” durante os jogos, evitando desgastes físicos e lesões que comprometam o calendário de competições.
O cenário se agrava ao considerarmos o nível de competitividade nas eliminatórias sul-americanas. O futebol no continente evoluiu consideravelmente, com seleções como Argentina, Colômbia, Uruguai, Equador e Venezuela se tornando mais organizados e taticamente eficientes. O Brasil, que por muito tempo foi superior em talento individual, agora encontra dificuldade em vencer essas equipes.
Outro ponto que merece reflexão é a dependência do Brasil em relação a Neymar. Desde que surgiu como grande promessa, o atacante assumiu o papel de jogador principal da Seleção Brasileira. No entanto, apesar de ser um dos atletas mais talentosos de sua geração, Neymar nem sempre consegue carregar essa responsabilidade e vem sofrendo com seguidas lesões. Aliás, ele não entra em campo desde outubro de 2023 e sua recuperação ainda é uma incógnita.
Diante de tudo que foi exposto, cabe a pergunta: seria a Seleção Brasileira merecedora de uma vaga na Copa do Mundo se continuar insistindo em um modelo de jogo que não reflete a grandiosidade de sua história? O futebol mundial mudou e o Brasil parece estar preso a um passado glorioso, incapaz de se adaptar.
O Brasil precisa de um técnico estrangeiro para retomar o caminho das vitórias? Essa pergunta, que seria vista com ceticismo há alguns anos, agora parece uma possibilidade concreta. O futebol praticado no Brasil, em termos de clubes e seleção, tem sido alvo de críticas por ser considerado ultrapassado, previsível e de baixo nível tático. Enquanto as seleções europeias e mesmo sul-americanas adotam sistemas mais modernos e eficientes.
Vimos recentemente técnicos estrangeiros conquistando títulos importantes em clubes brasileiros, como Jorge Jesus no Flamengo e Abel Ferreira no Palmeiras. Esses treinadores trouxeram ideias novas, com um enfoque mais disciplinado e taticamente refinado, algo que há muito não se via no futebol nacional. Um técnico estrangeiro poderia, sem o peso das tradições e da cultura local, implementar mudanças mais radicais e possíveis, organizando o tempo de maneira mais eficiente, priorizando o coletivo em detrimento do individualismo que muitas vezes caracteriza o futebol brasileiro. Mais do que isso, um treinador de fora teria a liberdade de exigir maior comprometimento dos jogadores, sem o temor de enfrentar o poder dos clubes europeus, que podem interferir no desempenho dos jogadores.
A Seleção Brasileira, com seu histórico de cinco títulos mundiais, esteve presente em todas as edições do torneio. Contudo, o futebol é sonoro e não há garantias para o futuro. Se o desempenho continuar caindo, se os jogadores continuarem a render abaixo de suas capacidades, e se o comando técnico não conseguir extrair o melhor do elenco, a vaga no mundial pode sim estar ameaçada.
A ausência do Brasil em uma Copa do Mundo seria uma tragédia para o país e para os amantes do futebol em todo o mundo, mas também poderia servir como um acontecimento para mudanças profundas. Uma sacudida como essa poderia obrigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a repensar seu planejamento, a adotar um modelo de gestão mais eficiente e a buscar, de uma vez por todas, um caminho de renovação. Afinal, o futebol brasileiro, com toda sua história e tradição, não pode continuar vivendo apenas das glórias do passado.